TUDO QUE VOCÊ GOSTARIA DE SABER SOBRE A CRISE ENTRE A RÚSSIA E A UCRÂNIA NA DISPUTA PELA CRIMEIA

TUDO QUE VOCÊ GOSTARIA DE SABER SOBRE A CRISE ENTRE A RÚSSIA E A UCRÂNIA NA DISPUTA PELA CRIMEIA:

I-ONDE FICA A CRIMEIA?

 A Crimeia é uma república autônoma localizada dentro da Ucrânia, em uma península no Mar Negro. No passado essa  região já pertenceu à Rússia, e foi anexada pela Ucrânia no ano de 1954, uma vez que  o então líder soviético Nikita Khrushchev, que era de origem ucraniana, deu a região como presente. Diferente do resto da Ucrânia, a maioria da população na região é de origem russa.

 

2- QUAL A ORIGEM DA CRISE?

         A crise na Crimeia teve sua origem no final de 2013, quando o então presidente ucraniano Viktor Yanukovich desistiu de assinar um tratado de livre-comércio com a União Europeia, preferindo estreitar relações comerciais com a Rússia. A partir desse decisão tiveram muitos protestos  massivos, que resultaram, em fevereiro de 2014 , na destituição de Yanukovich, que acabou fugindo para a Rússia.

3-COMO REAGIU A TUDO ISSO O PARLAMENTO LOCAL DA CRIMEIA?

        

         Como na Crimeia a maioria da população é de maioria russa , o parlamento local foi dominado por um comando pró-Rússia, que nomeou Sergei Axionov como premiê. Esse novo governo, considerado ilegal pela Ucrânia, aprovou sua adesão à Federação Russa e a realização de um referendo sobre o status da região no dia 16 de março. Logo depois dessas medidas serem tomadas o Parlamento se declarou independente da Ucrânia  e contou com o apoio dos  russos e foi muito criticado por ucranianos.

4-QUAL A PARTICIPAÇÃO DA RÚSSIA NESSA CRISE?

        

         Com a intensificação das tensões separatistas na região da Crimeia, o Parlamento russo aprovou de forma bem ágil , a pedido do presidente Vladimir Putin, o envio de tropas à Crimeia para “normalizar” a situação. Na verdade tratavam-se de tropas sem identificação, mas claramente russas , sendo que algumas usando veículos com placas registradas na Rússia. Com essa empreitada russa, essas tropas tomaram a Crimeia, dominando bases militares e aeroportos.

5-QUAIS AS ALEGAÇÕES RUSSAS PARA TAIS  ATOS ?

        

O governo de Vladimir Putin justificou o movimento dizendo se reservar o direito de proteger seus interesses e os de seus cidadãos em casos de violência na Ucrânia e na região da Crimeia. Toda essa escalada militar fez com que diversos oficiais do exército ucraniano se juntassem ao governo local pró-russo, sendo que outros acabavam abandonando seus postos. No dia 4 de março, o novo governo da Crimeia anunciou que assumiu o controle da península, e deu um ultimato para que os últimos oficiais leais à Ucrânia se rendessem.

6-QUAL O PROVÁVEL EFETIVO RUSSO NA REGIÃO?

         De acordo com o governo da  Ucrânia, mais de 30 mil soldados russos já foram enviados à região e para os Estados Unidos a estimativa é de aproximadamente 20 mil militares russos na região. A Rússia nega ter efetivo militar na região superior ao de seu posto fixo em Sebastopol, uma cidade da Crimeia.

7-QUAIS OS PORQUÊS DO INTERESSE DA RÚSSIA NA CRIMEIA?

-Para grande parte dos  russos, a região da Crimeia e sua "Cidade Heroica" de Sebastopol, da era soviética, sitiada pelos invasores nazistas, têm uma ressonância emocional muito forte, por já ter sido parte do país e ainda ter a maioria de sua população de origem russa.

-Outro ponto a ser ressaltado é o fato que a península fica em uma área estratégica do Mar Negro, muito próxima do sudoeste da Rússia e a maior parte da frota russa no Mar Negro está na Crimeia, com um quartel-general na cidade ucraniana de Sebastopol.

-Na porção leste e no sul da Ucrânia , o russo ainda é o idioma mais falado, e também há maior dependência econômica da Rússia. No norte e no oeste, o idioma mais falado é o ucraniano, e essas regiões servem como base para a oposição – e foi onde se concentraram a maioria dos protestos, especialmente na capital Kiev.

-Outro ponto a ser destacado diz respeito a decisão do governo da Ucrânia , antes da queda de Viktor Yanukovich , de suspender a negociações pela entrada na EU, fato este atribuído diretamente à forte pressão de Moscou. A Rússia adotou medidas como inspeções demoradas nas fronteiras com a Ucrânia e o banimento de doces produzidos no país vizinho, além de ter ameaçado com várias outras medidas de impacto econômico.

-Por outro lado a  Ucrânia está em uma longa disputa com a Rússia sobre o custo do gás russo. Em meio à crise, a companhia russa Gazprom anunciou um aumento de 40% no preço do gás fornecido à Ucrânia e ameaçou cortar o abastecimento.

-Devido as fortes tensões na região a Rússia pediu que ao governo ucraniano que desistisse de todo tipo de preparativos militares para deter os protestos pró-russos nas regiões do leste ucraniano, já que os mesmos poderiam suscitar uma violenta guerra civil.

 

8- COMO ESTÁ REAGINDO O GOVERNO DA UCRÂNIA?

-O governo da Ucrânia não admite perde a Crimeia, uma vez que ficou independente da Rússia desde o colapso da União Soviética em 1991 e em meio a uma crise econômica e a perda da Crimeia seria um enorme golpe para os ucranianos.

-O novo governo ucraniano que assumiu logo após a queda de  Viktor Yanukovich é pró-União Europeia e criticou veementemente os movimentos separatistas e classificou a aprovação de intervenção militar russa como uma declaração de guerra. Logo em seguida, o novo governo convocou todas suas reservas militares para reagir a um possível ataque russo.

-A Ucrânia também pediu apoio do Conselho de Segurança da ONU para frear a crise na península e defender sua integridade territorial.

-O governo Ucraniano entende que o Parlamento da Crimeia é ilegal e não tem legitimidade para declarar independência. Kiev também não reconheceu o resultado do referendo, que aprovou a reintegração a Moscou, nem do tratado assinado entre Crimeia e Rússia confirmando a adesão.

9-QUAL A REAÇÃO MUNDIAL?

-O mundo ocidental está muito apreensivo com os conflitos na região e vem pressionando a Rússia a enveredar para medidas diplomáticas na busca das soluções para o empasse entre a Crimeia e a Ucrânia.

-Os EUA  e mais alguns países ocidentais estão exigindo que o governo de Vladimir Putin( Rússia ) ,recuasse suas tropas na Crimeia.

-Os EUA também ameaçaram a Rússia com algumas sanções, e vem suspendendo várias transações comerciais com a Rússia , além de cancelar um acordo de cooperação militar com Moscou. As ações do governo de Vladimir Putin  levaram o presidente dos EUA, Barack Obama, a pedir que o presidente russo recuasse suas tropas na Crimeia. Para Barack Obama, Putin violou a lei internacional com sua intervenção.

- Vários países vem criticando a Rússia e devido a escalada de tensão na região, a Rússia acabou tendo uma ruptura entre as grandes potências ocidentais.

-O chamado  G7 também condenou a participação Russa no conflito e cancelou uma reunião com o governo de Moscou.

-Tanto os EUA  como a União Europeia,  realizaram sanções contra indivíduos russos e ucranianos envolvidos no processo, que tiveram seus bens no exterior congelados e foram impedidos de entrar nos EUA e na UE.

-Em represália a essas medidas o governo de Vladimir Putin respondeu com sanções contra integrantes do governo norte-americano.

-Outra medida tomada em meio à crise foi proporcionada pela Comissão Europeia , que divulgou um plano de ajuda de pelo menos € 11 bilhões para a Ucrânia, sendo que os EUA também anunciaram um pacote de assistência técnica e econômica ao país em uma demonstração de apoio ao novo governo, no valor de US$ 1 bilhão de dólares.

10-O QUE PODE ACONTECER COM ESSA CRISE?

-Espera-se que essa crise possa ser contida através de vias diplomáticas e que  não ocorram embates militares na região.

-Por outro lado, a Ucrânia não é oficialmente membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte - OTAN, sendo que em 1997, o país assinou um acordo em que se tornou apenas um aliado extra-OTAN e membro não-permanente da organização. Essa situação acaba deixando um pouco distante a possibilidade da OTAN entrar em uma possível guerra com a Rússia pela Ucrânia.

-É importante desatacar que qualquer ação militar ocidental direta arriscaria uma guerra entre as superpotências nucleares e no caso da Ucrânia, que é relativamente pequena e com arsenal reduzido, as suas forças até poderiam agir, mas correriam o risco de incitar uma invasão russa muito mais ampla que poderia dominar todo o  país.

-Outro temor muito em evidência é o fato da Rússia cortar o fornecimento de gás para a Europa, cujos gasodutos passam dentro da Ucrânia.

-Especialista temem que a Rússia possa fazer ataques cibernéticos sofisticados que poderiam ser usadas contra a Ucrânia ou o Ocidente.

Professor Kléber Caverna

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