-A Globalização segundo MILTON SANTOS – Uma visão “miltoniana” da globalização
-O mundo é confuso e confusamente entendido.
-Vivemos uma realidade que é mediocremente construída resumindo vários contextos em uma única abordagem, refém dos detentores do dinheiro, poder e da informação.
-Para podermos escapar dessa visão equivocada de mundo é necessário admitir que estamos imersos em três mundos: FÁBULA - PERVERSIDADE - O QUE PODE VIR A SURGIR
I- Um mundo fabricado e imposto, vendido como real:
Globalização como fábula : No intuito de legitimar as construções imaginárias que configuram e perpetuam o sistema, os chamados formadores de opinião fazem uso da mais elementar e eficaz arma: a repetição, que, ao contrário do que a aparente obviedade ilude, não extingue possíveis ideologias, mas as concretizam (mito da aldeia global).
II- Um mundo real, em confabulações e expectativas:
Globalização como perversidade: Nada melhor que a simples realidade para desmascarar a pauta cínica que é publicada. A mesma globalização que cria a utópica cidadania universal para uns (poucos) faz alastrar-se males morais e sociais na esquecida maioria.
III- Um mundo que pode vir a surgir:
Uma outra globalização: Apesar da farsa que encobre (ou tenta maquiar) o sistema ruído existem possibilidades e até indícios de mudança, no sentido não só de revelar a mentira utilizando os mesmo recursos técnicos dos mandatários como amenizar a verdade.
-Na verdade, a globalização é o fruto de várias medidas que criaram e perpetuam o mito de marcado global, sustentado convenientemente pela e para a conjuntura político-econômica.
-Milton Santos apresenta como algumas características contribuintes para explicar a atual configuração da globalização, destancando: a unicidade técnica,a convergência dos momentos,a cognoscibilidade/conhecimento do planeta e a existência de um motor único na história.
-Vivemos em um mundo dominado por uma dupla tirania: dinheiro e informação
- surgimento de uma dupla tirania: a do dinheiro e da informação (intimamente relacionadas)
• violência da informação: o que é transmitido à maioria da humanidade é uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde.
-Para Milton Santos, antigamente as empresas para alcançar uma autonomia em sua produção manipulava a opinião do consumidor pela via da publicidade, porém, atualmente, as empresas hegemônicas “produzem o consumidor antes mesmo de produzir os produtos.
-Milton Santos também critica o progresso tecnológico, afirmando: “É irônico recordar que o progresso técnico aparecia, desde os séculos anteriores, como uma condição para realizar essa sonhada globalização com a mais completa humanização da vida no planeta. Finalmente, quando esse progresso técnico alcança um nível superior, a globalização se realiza, mas não a serviço da humanidade. A globalização mata a noção de solidariedade, devolve o homem à condição primitiva do cada um por si, e como se voltássemos a ser animais da selva, reduz as noções de moralidade pública e particular a um quase nada” (p. 65-5)
-Santos afirma que :“no mundo da globalização, o espaço geográfico ganha novos contornos, novas características, novas definições. E, também, uma nova importância, porque a eficácia das ações está estreitamente relacionada com a sua localização. Os atores mais poderosos se reservam os melhores pedaços do território e deixam o resto para os outros”. Com a globalização, o uso das técnicas disponíveis permite a instalação de um dinheiro fluido, relativamente invisível, praticamente abstrato.
-Em um mundo que tem o consumo como “ícone”, existem os “Possuidores” x “não possuidores” - “quanto aos não possuidores sua convivência com a escassez é conflituosa e até pode ser guerreira. Para eles, viver na esfera do consumo é como querer subir uma escada rolante no sentido da descida” (p. 130)
Milton Santos acreditava que existe uma transição em marcha
“para a maior parte da humanidade, o processo de globalização acaba tendo, direta ou indiretamente, influência sobre todos os aspectos da existência: a vida econômica, a vida cultural, as relações interpessoais e a própria subjetividade. Ele não se verifica de modo homogêneo, tanto em extensão quanto em profundidade, e o próprio fato de que seja criador de escassez é um dos motivos da impossibilidade da homogeneização. Os indivíduos não são igualmente atingidos por esse fenômeno,cuja difusão encontra obstáculos na diversidade das pessoas e na diversidade dos lugares. Na realidade, a globalização agrava a heterogeneidade, dando-lhe mesmo um caráter ainda mais estrutural” (p. 142-3)
UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO: “uma outra globalização supõe uma mudança radical das condições atuais, de modo que a centralidade de todas as ações seja localizada no homem [...]” e não mais no dinheiro (p. 146)
Textos retirados da obra de Milton Santos: Por uma outra globalização do pensamento único à consciência universal
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