HISTÓRICO DA AGROPECUÁRIA
BRASILEIRA
A ocupação do nosso território iniciada durante o séc. XVI e
apoiada na doação de terras por intermédio das sesmarias, na monocultura da
cana-de-açúcar e no regime escravocrata foi responsável pela expansão do
latifúndio, que concentra as terras e utiliza sistemas agrários nocivos, os
quais ainda predominam em muitas áreas do Brasil.
É
importante salientarmos que bem antes da expansão desse sistema monocultor, já
havia se instalado, como uma primeira atividade econômica, a extração do
pau-brasil, que se tornou a primeira grande agressão ao meio ambiente, através
da destruição da vegetação litorânea, porém, coma a quase extinção dessa
espécie vegetal (o pau-brasil) - não havendo neste período outro produto
extrativo de valor comercial - teve início com a plantação da lavoura
canavieira, que nesse período serviu de base e sustentação para a
economia do Brasil.
A Lavoura canavieira desempenhou um papel fundamental na organização da agricultura brasileira, fazendo surgir a grande propriedade rural, núcleo de futuras plantations, apoiadas por mão-de-obra escrava.
É de suma importância que possamos entender
que o plantation foi um sistema de exploração colonial
utilizado entre os séculos XV e XIX principalmente nas colônias europeias da
América, tanto a portuguesa quanto em alguns locais das colônias espanholas e
também nas colônias inglesas britânicas. Ele consiste em quatro características
principais:
-latifúndios
-monocultura
-trabalho escravo
-exportação para a
metrópole.
Através dos grandes latifúndios, com suas
extensas terras, era possível produzir em grande escala um único produto, o que
se denomina de monocultura. No Brasil, utilizou-se inicialmente a
cana-de-açúcar, mas depois veio o algodão, o fumo e o café. Geralmente eram
produtos tropicais que eram plantados nesses latifúndios.
Não podemos
nos esquecer que toda essa exploração acabou promovendo a derrubada progressiva
da vegetação original. Na fase inicial da ocupação do território nacional, a
substituição da Floresta Atlântica por lavoura foi realizada de maneira
indiscriminada, fato em parte compreensível, face ao desconhecimento de métodos
e técnicas que permitissem uma ocupação do solo mais racional, que previsse a
preservação de áreas mais suscetíveis à degradação.
Por outro lado, nas áreas do sertão, onde as condições ambientais não eram favoráveis à expansão canavieira, desenvolveu-se a grande propriedade voltada para pecuária de corte (praticada em pastos naturais afastados do litoral) e também o abastecimento dos pequenos centros urbanos para o fornecimento de animais de tração para as regiões onde estavam os canaviais.
Paralelamente a expansão da cultura canavieira e da pecuária extensiva, desenvolveu-se uma agricultura de subsistência que visava o abastecimento das pessoas engajadas nos engenhos e fazendas de gado, situação que perdurou até o séc. XVIII, quando a mineração passou a ser a principal atividade do País e como conseguinte, absorvendo a maior parte da mão-de-obra, o que ocasionou o abandono de muitos engenhos de açúcar.
Outro ponto a ser destacado é a mineração, que acabou sendo responsável pelo aumento de áreas voltadas para agricultura de subsistência e promoveu o aparecimento de propriedades de menores dimensões, dedicadas à produção de alimentos, com fins comerciais. Com a prática da mineração ficou sob a forma de garimpos, embora em áreas restritas e localizadas, acabou contribuindo para a interiorização da ocupação do Brasil e provocou grandes alterações ambientais nas áreas onde se deu de forma mais intensa.
Mas é no século XIX que nosso país vai vivenciar sua fase de grande expansão e ocupação do território, sobretudo na Região Sudeste, motivada pela difusão de novas terras. Assim, as propriedades se tornaram maiores e nesse período o capitalismo estava em grande ascensão. Nesse período, principalmente na segunda metade do século XIX, também desenvolveu-se o transporte ferroviário, acabando-se, assim, o isolamento das fazendas no interior do país.
No que se refere ao século XX, as sucessivas crises de abastecimento surgidas em função do predomínio econômico do café e da cana-de-açúcar, voltados para o mercado externo, contribuíram para o aparecimento de pequenas e médias propriedades dedicadas ao cultivo de produtos alimentícios básicos.
Por outro lado, a aceleração no processo de urbanização do Brasil, junto com o desenvolvimento industrial a partir da década de 1930/1940, contribuíram para o surgimento de áreas agrícolas destinadas à produção de matérias-primas industriais, de produtos hortifrutigranjeiros e de uma pecuária leiteira desenvolvida em planaltos. A atividade pecuária foi responsável por grandes transformações verificadas nos usos e nos empregos de técnicas na agricultura, acelerando a ocupação do Brasil e ocasionando modificações na natureza.
De 1969 a 1999 ocorreu uma expansão na área cultivada, passou de 187 milhões para 250 milhões de hectares (34% a mais).
Atenção:
A agropecuária mais
competitiva do mundo ocupa apenas 329.941.393 dos 851 milhões de hectares do
Brasil — ou 38,8%.
Dentro desses quase 330
milhões de hectares, 98.479.628 (30%) são matas e florestas, que compõem as
Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal.
Portanto, sobram para a
atividade agroindustrial 231.461.765 milhões de hectares — ou 27% do total.
A ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA:
Imóveis rurais
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Minifúndios – consiste em um
imóvel com área agricultável inferior ao Módulo Rural estabelecido
para a região. Assim, se a região oferece boas condições naturais ou
ambientais, o minifúndio será menor e na situação contrária, será maior
porte.
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Módulo Rural - consiste em
uma área variável de 2 a 120 hectares, sendo determinada em função da
localização geográfica, do tipo de produção a que se destina e da capacidade
da terra para produzir. O Módulo Rural é uma área que, em determinada posição
geográfica, absorve a força de trabalho de uma família com quatro pessoas
adultas, proporcionando-lhe um rendimento capaz de lhe assegurar a
subsistência e o progresso socioeconômico durante um ano ou 1.000 jornadas de
trabalho.
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Empresas rurais - consiste em
um imóvel explorado racionalmente, com
um mínimo de 50% de sua área agricultável utilizada e que não exceda 600
módulos rurais.
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Latifúndios por
exploração – consiste em um
imóvel que é mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas,
econômicas e sociais do meio em que está inserido, não ultrapassando uma área
de até 600 módulos rurais, porém inadequadamente explorado ou mesmo
subexplorado.
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Latifúndios por
dimensão - É todo o imóvel rural com área
superior a 600 módulos rurais estabelecidos para a respectiva região.
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PRINCIPAIS REGIÕES AGROPECUÁRIAS DO
BRASIL:
De modo geral podemos entender que as atividades
rurais no Brasil podem ser das mais lucrativas e devem ser
encaradas como uma atividade econômica rentável e promissora. Os países centrais,
mesmo tendo bases industriais, nunca deixaram de dar uma importância primordial
ao setor agropecuário. Os Estados
Unidos, maior nação industrial do mundo, também possuem o título de maior
produtor agropecuário do planeta. O setor
agropecuário americano, como na indústria, se utiliza das mais
modernas tecnologias, o que gera grande aumento
da produtividade e consequentemente da lucratividade.
Em nosso país, apesar das propriedades
rurais movimentarem bilhões de dólares todos os anos e serem
responsável, direta ou indiretamente, por mais da metade do PIB, os proprietários rurais não
aproveitam totalmente o potencial de produção de suas terras e não consideram o
fato de que poderiam obter um faturamento muito alto se trabalhassem na administração rural de suas
fazendas. Veja a seguir o mapa mostrando as principais atividades agropecuárias
brasileiras:
Nesse próximo mapa, você poderá observar
como estão distribuídas as chamadas Zonas Modernizadas e as Zonas Menos
Modernizadas do Brasil, e constatará que as regiões mais desenvolvidas estão
concentradas mais no Centro Sul do país, e a Amazônia e o Nordeste, ainda estão
muito atrasadas em relação a essa região . Veja a seguir esse mapa:
Nesse
próximo mapa, você poderá ver a distribuição dos vários tipos de criações de
animais em nosso país.
Os principais rebanhos brasileiros são os de bovinos, suínos,
ovinos e caprinos. Observe o mapa com a distribuição geográfica dos principais
rebanhos no Brasil:
Rebanho de bovinos – na pecuária de corte destacam-se as regiões dos Pampas Gaúchos, oeste paulista e Triângulo Mineiro. Pecuaristas de outras áreas de criação preocupam-se em melhorar a qualidade de seu rebanho. Na pecuária leiteira podemos destacar Minas Gerais (várias áreas de criação, especialmente o sul do Estado), São Paulo (Vale do Paraíba, São João da Boa Vista, Araras, Mococa) e Rio de Janeiro (Vale do Paraíba e norte do Estado);
Rebanho de suínos – apresenta significativos ganhos de qualidade e especialização (mais carne e menos gordura, melhor higienização nos locais de criação, cuidados veterinários, selecionamento dos animais) o que tem permitido a busca de um aumento nas exportações dessa carne;
Rebanho de ovinos – o Brasil não tem destaque mundial. A maior parte do rebanho é encontrada no Rio Grande do Sul;
Rebanho de caprinos – também sem grande
destaque mundial é uma criação que está evoluindo qualitativamente. Boa parte
do rebanho, rústico, pode ser encontrada na Região Nordeste.
Outros rebanhos - podemos dar destaque ao rebanho de equinos,
especialmente em Minas Gerais e bubalinos (Ilha de Marajó, Pantanal e Vale do
Ribeira). O Brasil parece apresentar condições favoráveis para a criação de
búfalos e pode se tornar um grande criador mundial. O Brasil tem um dos maiores
rebanhos de asininos e muares e é um dos maiores criadores de aves no mundo.
GRANDES DESAFIOS NO SETOR RURAL
BRASILEIRO:
MÃO-DE-OBRA:
Mão-de-obra
mal remunerada e superexploração dos trabalhadores rurais com jornadas
excessivas de trabalho; escravidão e semiescravidão, uso de mão-de-obra
infantil etc.)
AVANÇO DA PECUÁRIA:
Avanço
da pecuária extensiva: Veja o mapa a seguir a respeito dos dois temas citados
anteriormente
AGRICULTURA FAMILIAR:
-Na
verdade, de uma forma geral, a
parcela da população urbana é pouco informada sobre o papel da agricultura
familiar em suas vidas, quais nichos ela vem ocupando, principalmente no
abastecimento interno, e qual a sua importância social. Entretanto, dados do
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA),
indicam que 70% de alimentos consumidos no Brasil são provenientes da
agricultura familiar, que participa de 9% do produto interno bruto (PIB) do
país, ou seja, um terço do agronegócio brasileiro. Mesmo assim, especialistas
acreditam que ainda existem muitos desafios a serem enfrentados para a
preservação da agricultura familiar pelo país.
-Um dos
pontos mais nevrálgicos ligados a
agricultura familiar consiste na geração e distribuição de
ocupação e renda em nosso país.
-Na Europa, por exemplo, a
agricultura familiar é preservada inclusive na perspectiva cultural, e sua
importância transcende fatores puramente econômicos, porem no Brasil, ainda
ficamos no nesse reducionismo do lucro e da escala, mesmo porque essa agricultura
do agronegócio está nos levando ao “suicídio” e “fagocitose” pelo processo de devastação do espaço
natural.
ÊXODO RURAL:
Outro
ponto a ser discutido é o êxodo rural, que mudou a configuração demográfica do
país em décadas passadas e ainda hoje é preocupante. Por questões econômicas,
muitos jovens agricultores acabam por abandonar as propriedades e migram para
as cidades. De modo geral, atualmente, a maior causa de evasão de jovens do
campo é a baixa renda da produção familiar.
Se as
condições de vida fossem melhores no campo, muito desses jovens não iriam se
aventurar nas grandes cidades.Com a baixa qualidade de vida urbana, se na
agricultura a renda fosse um pouco maior, existiriam condições de fixar muita
gente no campo, e diminuir o êxodo rural.
IMPACTOS AMBIENTAIS:
Existem inúmeros impactos ambientais decorrentes das atividades agropecuárias, como a contaminação
química por defensivos agrícolas, desmatamento, perda de biodiversidade, efeito
estufa, lixiviação , formação de voçorocas ,assoreamento dos rios etc.
Porém um dos mais complicados diz respeito a perda de solo, através da
erosão. O processo erosivo provoca a degradação do solo, principalmente da sua
camada orgânica, que também é a sua camada fértil, aumentando a necessidade de
fertilização, o que pode acarretar em poluição dos lençóis freáticos.
A contaminação por agroquímicos também é uma constante nas propriedades
agrícolas e produzem impactos sobre a saúde humana, poluindo as águas, o solo e
o ar, prejudicando a flora e a fauna.
Práticas inadequadas de
manejo do solo podem levar a um processo de degradação ambiental. No que se
refere a agricultura,a erosão é o arrastamento das partes constituintes do
solo, através da ação da água ou do vento, colocando a terra transportada em
locais onde não pode ser aproveitada pela agricultura, pela erosão o solo perde
não só elementos nutritivos que possui, como também os constituintes do seu
corpo, logo um terreno fértil em que a erosão atuar acentuadamente se tornará
pobre e apresentará baixa produção agrícola.
É de suma importância que entendamos que os processos erosivos podem
atingir tamanhas proporções que podem gerar terríveis consequências econômicas
e sociais, como a destruição de patrimônios naturais, passivos ambientais, e
enormes prejuízos econômicos aos cidadãos, à administração pública e às
atividades de caráter privadas.
Na agropecuária
intensiva ocorre à substituição da cobertura de vegetação natural de
grandes áreas, e muitas vezes é feito o uso e o manejo inadequados do solo
destas áreas antropizadas, e disso usualmente se origina o processo de
degradação do solo e consequentemente dos recursos hídricos existentes.
No que se refere a pecuária, dentre os principais impactos ambientais, pode-se destacar a(o):
–Eliminação e/ou redução da fauna e flora nativas, como consequência do
desmatamento de áreas para o cultivo de pastagens;
-Aumento da degradação e perdas de nutrientes dos solos, em especial devido ao pisoteio intensivo e à utilização do fogo;
-Contaminação dos produtos de origem animal, devido ao uso inadequado de produtos veterinários para o tratamento de enfermidades dos animais e de agrotóxicos e fertilizantes químicos nas pastagens;
-Redução na capacidade de infiltração da água no solo devido à compactação;
-Degradação da vegetação e compactação dos solos, especialmente expressiva no caso de superpastoreio;
-Contaminação das fontes d’ água e assoreamento dos recursos hídricos.
-Aumento da degradação e perdas de nutrientes dos solos, em especial devido ao pisoteio intensivo e à utilização do fogo;
-Contaminação dos produtos de origem animal, devido ao uso inadequado de produtos veterinários para o tratamento de enfermidades dos animais e de agrotóxicos e fertilizantes químicos nas pastagens;
-Redução na capacidade de infiltração da água no solo devido à compactação;
-Degradação da vegetação e compactação dos solos, especialmente expressiva no caso de superpastoreio;
-Contaminação das fontes d’ água e assoreamento dos recursos hídricos.
CONFLITOS NO CAMPO
Os conflitos no campo perduram até os dias atuais, porém, com movimentos
altamente organizados que possuem representatividade diante do poder público,
no entanto a questão da Reforma Agrária está distante de uma resolução como
percebemos nos constantes conflitos que marcam o atual cenário agrário
nacional. As principais organizações e movimentos rurais em nosso
país são:
Contag
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A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura é uma
entidade sindical de trabalhadores e trabalhadoras rurais, que foi fundada em
22 de dezembro de 1963, no Rio de Janeiro.
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MST
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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra surgiu em 1984, como
uma tentativa de discutir e mobilizar a população em torno da concretização
da Reforma Agrária que desde então se confunde com a história do movimento no
Brasil. O movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é um movimento social
de luta pela terra desde a década de 1980, e vem se tornando um fenômeno
mundialmente conhecido. Dentro do Brasil, o movimento ficou conhecido por
suas estratégias empregadas para possibilitar o acesso à terra de seus
integrantes que geralmente se se organizam em acampamentos nas margens de
rodovias, fazem manifestações em praças públicas, passeatas em grandes
cidades, longas caminhadas do interior do país até a capital federal,
ocupações de prédios públicos, bancos, e ainda a ocupação de áreas rurais
públicas ou privadas.
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CPT
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A Comissão Pastoral da Terra surgiu em junho de 1975, durante o
Encontro de Pastoral da Amazônia, convocado pela Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), e realizado em Goiânia (GO). Inicialmente a CPT
desenvolveu junto aos trabalhadores e trabalhadoras da terra um serviço
pastoral.
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MLST
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O Movimento de Libertação dos Sem Terra foi criado em 1997, ficando
nacionalmente conhecido por pelo menos dois episódios: as invasões do
Ministério da Fazenda, em abril de 2005, por cerca de 1.200 integrantes, que
ocuparam por cerca de seis horas o edifício na capital federal e uma nova
invasão ao Congresso Nacional em junho de 2006.
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UDR
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A União Democrática Ruralista é uma entidade de classe que se destina
a reunir ruralistas e tem como princípio fundamental a preservação do direito
de propriedade e a manutenção da ordem e respeito às leis do País. A UDR
representa os interesses dos proprietários de terras rurais em nosso país
tendo inúmeros representantes no Congresso, que fazem parte da chamada
“Bancada ruralista”
|
Prof. Kléber
.
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